sábado, 9 de maio de 2009

Anuncio minha morte

Passo os dias,
ou me anestesiando das piores dores,
ou fazendo aquilo,
que causará as dores das quais vou querer me anestesiar.

Vivo,
pra esquecer e fazer coisas,
das quais não quero lembrar.

Nada mais significa,
Não há objetivos, amor, sonhos, relações, vida...
Nem paz, nem desespero.

Dessa lenta e longa não-existência,
Só resta aquele lindo fruto,
que apodreceu no pé, antes de cair.

É quando descobrimos,
que as vezes o que fica,
é menor que nada.

As vezes,
fica um pouco de marca,
de mágoa, de esperanças, de palavras vagas...

Espremido até os ossos de medos efêmeros,
de erros circundantes, de vergonhas escondidas,
de uma herança presa em uma moral flexível,
Nem Deus, o misericordioso, veio ao meu enterro,
Que foi lento, silencioso e certo.

Despeçam-se de mim, como mesmo fiz,
Com um tapinha nas costas e “Alea jacta est”!
Pois esse que era vosso amigo,
Morreu de dentro e agora,
é só um corpo carregando um cadáver.

O mofo já se instaura na gaveta de versos não lembrados,
E o temor da segunda-feira de gente grande,
pra quem ainda queria brincar ao pé dum largo cajueiro.

Pra nós, que mesmo concebendo o mistério das coisas,
não conseguimos vivê-las,
Pra mim, que estou aqui sentado,
cansado, incrédulo e torto,
morto ao pé desses versos.

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